RESUMO
No decorrer do processo histórico é notável que toda
ação do homem reflete no meio onde está inserido. O impacto ambiental vem sendo
observado desde o renascimento urbano no século XV e com o bem de consumo fruto
do pós-guerra, percebe-se que, além dos poluentes industriais, o próprio
consumo gera modificações no meio ambiente, é o que tem acontecido com o Rio
Cachoeira. Esta Bacia Hidrográfica, como se sabe, constitui parte importantíssima do patrimônio histórico de Joinville, porém este importante patrimônio
está sendo destruído graças as ações do homem, um problema ambiental que
precisa ser solucionado com urgência.
Palavras-chave: Cachoeira. Histórico. Sociológico. Ambiental.
Sustentabilidade.
INTRODUÇÃO
O meio ambiente é de
extrema importância para a vida do Planeta Terra. O homem está constantemente
modificando o meio ambiente, através de ações negativas, tais como a poluição,
desmatamento das florestas, degradações e extinguindo animais.
O Brasil é um país que
possui uma biodiversidade muito rica, porém diariamente se vê em noticiários
que o homem está acabando com toda a riqueza aqui existente e isso pode ser
visto na cidade de Joinville, onde o rio Cachoeira, importante Bacia
Hidrográfica local, que sofre com as ações do homem e achou-se relevante levantar
este tema como fonte de conhecimento.
Num primeiro momento
buscou-se conhecer e compreender a história do Rio Cachoeira e a
problematização sociológica que rondam esta bacia hidrográfica. Pois se sabe
que tudo na vida tem uma história e que o indivíduo faz parte desta história.
Em segundo plano, porém
não menos importante destaca-se as questões ambientais que rodeiam o rio
Cachoeira e o conceito de sustentabilidade.
2 A RELEVÂNCIA DAS QUESTÕES AMBIENTAIS E DA SUSTENTABILIDADE NUMA ABORDAGEM HISTÓRICA E SOCIOLÓGICA SOBRE O RIO CACHOEIRA
Contextualização
histórico-sociológica do saneamento básico e cuidados gerais com a água:
Em toda a linear do processo
histórico, é possível observar que toda atividade humana interfere no meio em
que este está inserido. O surgimento da civilização deve-se à água [FERREIRA
2009], pois foi nas proximidades de grandes rios que os primeiros grandes
redutos humanos sedentários se reuniram e se desenvolveram.
De qualquer maneira, a partir do
século XX, a população passou a se mostrar insatisfeita com a administração
inglesa, o que forçou o governo a estatizar o serviço, que desta vez se focou no
tratamento - e não na distribuição – da água. Com a estatização e os projetos
do engenheiro sanitarista Saturnino de Brito [FERREIRA, 2009], até o ano de
1930, todas as capitais brasileiras já contavam com sistemas de distribuição de
água e coleta de esgoto.
Durante a Era Vargas, mais
precisamente na década de 1940, a água e os serviços relacionados à ela
passaram a ser comercializados, separando-se o setor de saúde pública do de
saneamento básico [KOSHIBA 1987].
Com o estabelecimento do governo
militar, a concessão da administração do abastecimento passou para mãos
estadunidenses (assim como a maioria dos serviços prestados à população
brasileira), porém, tal administração não se mostrou eficiente e cobriu apenas
21 cidades [KOSHIBA 1987]. Atualmente, apesar de todas as melhorias implantadas
nos últimos 40 anos, a qualidade do saneamento nas áreas menos favorecidas
continua precária, visto que o ritmo das obras não acompanhou, de forma alguma,
o passo do crescimento das cidades e comunidades.
O nível regional, tanto o
abastecimento quando o tratamento da água servida são de responsabilidade
majoritariamente municipal desde 2005. A água é captada do rio Cachoeira,
extremamente ligado com as origens e rotina da cidade. Aquele que outrora
trouxe os primeiros moradores para a cidade [RAMOS, 1998], hoje se encontra
completamente poluído (mesmo com os investimentos em estações de tratamento), recebendo
todo o esgoto residencial e refugos industriais tóxicos. A situação do
Cachoeira preocupa pois, em seu curso, encontra-se remanescentes de manguezais, ecossistema
importantíssimo.
2.2
PROBLEMATIZAÇÃO SOCIOLÓGICA SOBRE O RIO CACHOEIRA
Os impactos e alterações no
meio ambiente como um todo, e principalmente nos recursos hídricos, têm sido
agravados nos últimos anos, pela acelerada urbanização das cidades e intensas
atividades industriais, muitas vezes sem controles ambientais adequados para os
poluentes originados em seus processos produtivos.
Com a criação da estrada de
ferro e das rodovias que ligam o município de Joinville ao Norte, ao Sul e ao
interior do Estado o Rio Cachoeira foi perdendo sua importância enquanto via de
transporte e consequentemente seu interesse econômico para a região. O
resultado desse desinteresse econômico foi o total abandono deste por parte dos
habitantes da cidade e desde então foi se transformando no principal canal de
esgoto da cidade e depósito de resíduos químicos de indústrias situadas à
margem dele. (GONÇALVES, M.L. P 44 )
Uma possibilidade de estudo
seria uma pesquisa de campo, onde seriam registrados fotograficamente locais em
que o Rio Cachoeira está em situações mais visíveis de abandono. (SILVEIRA, W.
N.; KOBIYAMA M.; GOERL R.F.; BRANDENBURG B. (2009). História das Inundações em
Joinville, 1851 – 2008. Organic Trading: Curitiba – PR. p 98) Mas não somente
isso. Interessante seria também registrar e mostrar locais onde a vida segue
invencível em meio ao caos urbano e industrializado, com todos os problemas
decorrentes dessa realidade. Afinal, um rio não serve apenas como local de
exploração e sobrevivência das pessoas, mas principalmente como parte
fundamental de todo um ecossistema local. Mesmo que o Rio Cachoeira nunca mais
volte a ter sua importância como canal de transporte e escoação dos produtos da
região, ainda pode e deve tornar-se um local para ser admirado pelos habitantes
da região e turistas oriundos das mais diversas partes do estado e quem sabe
até mesmo de fora dele.
2.3 QUESTÕES
AMBIENTAIS
O Rio Cachoeira é uma das Bacias Hidrográficas mais importantes do Estado
de Santa Catarina, quiçá da cidade de Joinville.
Durante muitos anos o Rio Cachoeira foi conservado, suas matas ciliares
protegidas, sendo utilizado apenas para pesca, porém com a expansão da Colônia
Dona Francisca devido à industrialização, suas matas ciliares foram sendo destruídas para construções de casas,
pontes e travessias, rodovias, canais de irrigação, aterros sanitários,
indústrias e campos destinados
à agricultura, pecuária e piscicultura.
Para adentrar-se aos temas ambientais que envolvem o Rio Cachoeira
percebe-se a necessidade de compreender-se o conceito de meio ambiente e
questões ambientais.
Entende-se por meio ambiente todas as coisas vivas e não vivas existentes
na natureza e aquelas que afetam o ecossistema e a vida dos seres humanos. Já
Art considera o meio ambiente como sendo,
“[...] conjunto de condições que envolvem e sustentam
os seres vivos na biosfera, como um todo ou em parte dela, abrangendo elementos
do clima, solo, água e de organismos [...] a soma total das condições externas
circundantes no interior das quais um organismo, uma condição, uma comunidade
ou um objeto existe. O meio ambiente não é um termo exclusivo; os organismos
podem ser parte do ambiente de um outro organismo”. (ART, 1998, p. 583).
Ou seja, o meio ambiente são as flores, plantas, rios, lagos, sol, lua,
solo, relevo, clima, enfim, meio este em que o homem está inserido e as
questões ambientais tratam diretamente de tudo o que afeta o meio ambiente,
como por exemplo, a poluição, degradação, desmatamento, queimadas, esgotamento
do solo, extinção de animais, abertura da camada de ozônio, aquecimento global
etc... O termo questão ambiental surgiu quando se visou à necessidade de
proteger o meio ambiente das ações humanas, o conhecido movimento verde.
Com o Rio Cachoeira não é diferente, ele tem sofrido constantemente com
as negativas ações produzidas pelas indústrias joinvillenses, e seu maior
problema ambiental é a poluição, que recebe diariamente o esgoto industrial e
residencial. O Instituto Viva o Cachoeira, uma Organização não Governamental
luta constantemente pela limpeza e proteção do Cachoeira. O rio corta o centro urbano
de Joinville, e para isto foi necessário destruir as matas ciliares que rodeiam
e protegem o rio.
As matas ciliares são aquelas
árvores, plantas, coberturas vegetais que se encontram às margens dos rios
protegendo-os. Segundo Franco,
“[...] as matas ciliares apresentam
inquestionável de sua importância, em relação
aos mais diversos fatores
ambientais, devido a suas características peculiares,
sempre associadas aos cursos de água
e por situarem-se, de maneira geral, em regiões
ecologicamente muito sensíveis e importantes da paisagem [...]”.
(FRANCO, 2005, p.129).
O termo ciliar origina-se da palavra cílios, pois são os cílios que
protegem os olhos, sendo assim as matas ciliares protegem os rios e quando
estas são cortadas, vêm às enchentes, deslizamentos, desmoronamentos.
Quando a chuva cai, as árvores e flores seguram estas gotas que caem com menos intensidade no chão. Quando as matas ciliares são cortadas, à água da chuva cai diretamente do chão, encharcando o solo, demorando a secar, e as construções que estão em torno do rio desmoronam-se e são levadas pela correnteza dos rios.
Quando a chuva cai, as árvores e flores seguram estas gotas que caem com menos intensidade no chão. Quando as matas ciliares são cortadas, à água da chuva cai diretamente do chão, encharcando o solo, demorando a secar, e as construções que estão em torno do rio desmoronam-se e são levadas pela correnteza dos rios.
Na área central o Cachoeira é rodeado por barragens de concreto, mas isso
não impede que o rio inunde a cidade. Quando chove com intensidade as suas
águas alagam a o centro, trazendo sujeira e animais peçonhentos, sem falar nas
diversas doenças.
O Rio Cachoeira possui uma rica biodiversidade de animais, dentre eles o
Jacaré Fritz, importante figura popular da cidade. Mas lá se encontram também
aves, mamíferos, peixes e répteis como a garça-vaqueira, garça branca e a azul,
gaivotas, corruíra, chupim, preá, capivara, lontra, cágado, lagarto, guaru,
cará, cascudinho e a tainha.
O rio sofre constantemente com a poluição. As indústrias, prédios e
comércio despejam em suas águas litros e litros de esgoto, matando peixes, aves
e espantando muitos animais que fazem do Cachoeira a sua morada. Já há projetos
a fim de despoluir o rio, muitos dizem que ele não está mais poluído, porém
pouco se percebe a limpeza do mesmo, principalmente para quem passeia, corre ou
passa diariamente pela beira do rio que
sofre com o odor saído das águas do rio.
A empresa Águas de Joinville tem uma parceria com a prefeitura de
Joinville que juntas levam para as escolas a importância da água e da
conservação dos rios que rodeiam a cidade. Pois é através dos futuros moradores
de Joinville que se poderá mudar esta realidade tão presente no cotidiano.
2.4 SUSTENTABILIDADE E O RIO CACHOEIRA: UM CASO DE URGÊNCIA ECOLÓGIICA
Quando o assunto é sustentabilidade um leque de
opções se abre, de modo que, o assunto é realmente amplo. Sustentabilidade tem
haver com a sustentação da vida, isto é, daquela manutenção dos recursos naturais que possibilitam uma vida saudável,
não apenas para o ser humano, mas também para todo o ecossistema. Isto é de
grande importância uma vez que a vida em sua diversidade está inteiramente
interligada, constituindo-se em uma verdadeira rede de relações que
possibilitam a vida em toda a sua diversidade e beleza (RIBEIRO, 2014, p.
01-02).
Portanto, cabe lembrar a grande responsabilidade humana em relação à esse
sistema vital. Certamente que, frequentemente os maiores causadores de males
para o planeta é o próprio ser humano e, assim, compromete-se a qualidade de
vida. Isto posto, pretende-se ocupar aqui, mais especificamente com a questão
da água, ou melhor, com o rio Cachoeira.
Este lamentavelmente tão conhecido na cidade de
Joinville por sua condição de flagrante poluição e mau cheiro. Tornando-se de
desse modo um testemunho da falta de cuidado e proteção dos recursos naturais.
Os mais jovens nunca o viram repleto de vida,
tal como foi contemplado pelos mais velhos que, aliás, até mesmo se banhavam e
brincavam em suas águas. Sim, houve um dia que esse rio possuía águas límpidas!
Contudo, gradativamente foi agredido pelos poluentes despejados em suas águas.
E, tudo isso feito com o consentimento da omissão das autoridades e cidadãos
dessa cidade, de tal modo que, direta e indiretamente contribuíram para a
aniquilação da beleza e da vida presente em suas águas. Como bem escreveu Araí,
de maneira poética:
“Eram
tão claras aquelas águas onde eu, criança, nadava... via-se na cristalina
corrente, os peixinhos num balé aquático, simplório e belo! Era tão lindo
aquele rio que desenhava a cidade como um espelho ondulado! Ah! Cachoeira,foste
a sangue-frio assassinado! E nem foste dignamente enterrado!Hoje és, das
fábricas, fossa,estás morto apodrecendo a cidade. Te peço perdão Cachoeira pela
inconsequência dos homens que em nome do progresso te fizeram depósito de
lixo... Perdoe-os Cachoeira querido, e descanse em paz”! (ARAÍ, 1995).
Os primeiros sinais de poluição no rio
Cachoeira são antigos, remontam ao ano de 1987, com o despejo de esgoto no
ribeirão Mathias, um de seus afluentes. Ainda assim, como a população era muito
pouca, não tinha muita interferência na qualidade da água do rio (ALMEIDA,
1999).
Foi só a partir da década de 30, quando o porto
de Joinville estava com excesso de movimento, que o Cachoeira começou a ser
explorado como meio de escoamento da produção de madeira e dos produtos do
Moinho do Trigo (ALMEIDA, 1999).
Mas, somente lamentar não basta; é preciso
medidas efetivas para se mudar essa situação. Sendo assim, devem ser reduzidos
os diversos tipos de poluição como poluição térmica que é aquela que vem do
lançamento nos rios de água aquecida usadas no processo de refrigeração de
siderúrgicas e usinas termoelétricas a poluição de biodegradáveis que é gerada
por produtos químicos, decompostos pela ação de bactérias. Um exemplo disso são
os detergentes, fertilizantes, inseticidas, etc (MARCOLINO, [s.n.d.]).
Diante desse quadro caótico, há sinais de
esperança que se deve mencionar. Desde a década de noventa ocorrem coletas em vários
pontos do rio e mesmo que se pense o contrário o nível de poluição do rio tem
diminuído gradativamente graças as medidas de proteção adotadas (ALMEIDA,
1999).
Contudo, infelizmente, ainda existe falta de
fiscalização do poder público para evitar que indústrias despejem na rede de
esgoto e no rio Cachoeira seus resíduos químicos.
Vários são os elementos despejados no rio
Cachoeira. Quando se menciona sobre a poluição de rios, logo se têm em mente as
grandes empresas, porém, em muitas cidades pela falta de planejamento urbano o
esgoto doméstico é jogado diretamente nos rios, esse esgoto é um dos principais
causadores da morte de peixes nesses rios. Portanto, na realidade esse problema
não é de exclusividade da cidade de Joinville, pois é um problema que acomete
muitas cidades.
Diante disso, é necessário cada vez mais
conscientizar os cidadãos, especialmente as futuras gerações para que se
conscientizem da necessidade de cuidar dos recursos naturais, uma vez que os
mesmos não são inesgotáveis.
Quanto ao rio Cachoeira em particular não há
solução fácil e nem rápida, contudo, acredita-se que algo pode ser feito agora,
a fim de que no futuro a sua situação se torne melhor. Quem sabe em um futuro
próximo, a partir das medidas necessárias sendo executadas, não se verá vida
outra vez nesse rio que é símbolo da história da cidade de Joinville. Quando
então se verá peixes, garças, e demais seres expressando a saúde de suas águas,
então a cidade poderá demonstrar publicamente sua condição cidadã e de comprometimento
com a vida. Esta tarefa não pode ser mais postergada para o futuro, trata-se de
medida urgente a ser tomada por pelos cidadãos, hoje!
Só assim, as gerações futuras da cidade dos
príncipes poderão contar com a existência de um rio com águas puras e não mais
com esse rio que agride os olhos, narinas e a alma joinvillense.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Preservar o meio ambiente
é de extrema importância para a vida do Planeta. Após elaborar este artigo
percebeu-se que o Rio Cachoeira possui uma riqueza histórica muito grande, e
não podemos deixar esta riqueza morrer, acabar. Há pouco tempo atrás o rio era
uma fonte de vida para muitos joinvillenses que tiravam de suas águas a pesca,
sustento de seus familiares, com o
passar dos anos a cidade cresceu, evoluiu e essa evolução trouxe a poluição,
mas sabe-se que é possível evoluir sem destruir.
É triste passar pela
beira rio e ver tanto lixo boiando pelas águas do Cachoeira, tinturas e esgotos
sendo despejados constantemente e o odor cada vez mais forte, enfeando a cidade conhecida por suas belas flores e
pela dança.
Hoje se compreende que é
preciso lutar pela limpeza do cachoeira, para podermos ajudar a manter o
equilíbrio ambiental da cidade, ver cada vez mais animais passeando por suas
águas e que possa voltar a ser fonte de renda para diversas famílias.
Acredita-se que é na
escola que poderemos criar cidadãos críticos, a fim de buscar soluções junto à
autoridades públicas na implantação de projetos sustentáveis que contribuam
para a qualidade de vida joinvillense, e o Cachoeira é o primeiro passo para
isso.
A escola, até certo
ponto, está fazendo a sua parte, com projetos que conscientizam seus educandos,
em muitos lugares levando esta problemática
até a comunidade, conscientizando como um todo.
REFERÊNCIAS
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Acesso em: 07 jul. 2014.
SILVEIRA, W. N.; KOBIYAMA
M.; GOERL R.F.; BRANDENBURG B. (2009). “História
das Inundações em Joinville”. 1851 – 2008. Organic Trading: Curitiba – PR.
FOTOS:
Imagem 1. Rio Cachoeira, disponível
em: http://linguadefogo2.wordpress.com/2011/12/page/11/.
Acesso em 09/07/2014
Imagem 2. Jacaré Frtiz, disponível
em: http://jornaldesantacatarina.clicrbs.com.br/sc/.
Acesso em 09/07/2014